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Maioria dos papagaios chegam desidratados e debilitados pois não recebem
água nem alimentos durante o transporte feito pelos traficantes. Foto: Fabio Pellegrini |
Campo Grande (MS) – Com a primavera, período de reprodução dos animais, inicia-se também o trágico ciclo do tráfico de animais silvestres, principalmente psitacídeos, como o papagaio-verdadeiro, espécie mais traficada a partir de Mato Grosso do Sul, para abastecer o mercado ilegal do estado de São Paulo.
O processo tem início em acampamentos, assentamentos e pequenas
propriedades rurais nos municípios de Batayporã, Bataguassu, Ivinhema,
Novo Horizonte do Sul, Anaurilândia, Três Lagoas, Santa Rita do Pardo,
Nova Andradina e Brasilândia, além de Naviraí e Mundo Novo, a leste do
Estado.
Os sitiantes são contratados por traficantes oriundos do interior
de São Paulo, que oferecem, em média, R$ 30 por animal. Muitas dessas
pessoas recrutadas são crianças e jovens que capturam os animais ainda
filhotes ou ainda no estágio de ovos.
Leis que não ajudam:
Em um dos casos, dois homens, de 30 e 40 anos, foram abordados pela
polícia em uma rodovia vicinal com 38 filhotes de papagaios no veículo.
Os traficantes não foram presos em flagrante, pelo fato de, conforme a
legislação brasileira, ser um crime de menor potencial ofensivo. Porém,
segundo a Polícia Militar Ambiental, eles responderão por crime e
poderão ser condenados à pena de 6 meses a um ano de detenção. Cada um
também foi multado em R$ R$ 9.500,00.
Em outro caso, 19 filhotes foram apreendidos em um barraco de um
acampamento de sem-terra, localizado às margens da rodovia MS-141.
A situação de maior gravidade, até então, foi a de dois homens que
saíram de Ivinhema (MS) e foram detidos pela Polícia Rodoviária Federal
(PRF) com 336 filhotes de papagaios na BR-153, em Ourinhos, interior de
São Paulo, a mais de 500 quilômetros da origem. As aves estavam em
caixas no porta-malas e no banco traseiro do carro em que eram
transportadas sem documentação de autorização. De acordo com os
policiais, o destino era a cidade de São Paulo, onde cada filhote seria
vendido por R$ 50 ao revendedor, e depois por R$ 300 no varejo. Os
filhotes estavam desidratados e precisaram de cuidados emergenciais.
Acabaram levados à Associação de Proteção aos Animais Silvestres, na
cidade de Assis (SP).
Segundo o major Ednilson Queiroz, chefe de comunicação da Polícia
Militar Ambiental do Mato Grosso do Sul (PMA), os policiais fazem
trabalhos preventivos nas propriedades rurais, por meio de informação da
legislação e Educação Ambiental, haja vista que o modus operandi dos
traficantes é de aliciamento dos sitiantes e funcionários de
propriedades rurais, para que capturem para que os comprem. “Muitas
pessoas fazem isto, às vezes, sem saber que estão cometendo crime
ambiental e sem saber do risco de contrair zoonoses”, explica Queiroz.
Em 2008, foram registradas apreensões que resultaram em uma
superlotação de papagaios nos recintos do Centro de Reabilitação de
Animais Silvestres (CRAS) da capital sul-mato-grossense: 570 indivíduos.
Uma pequena parte não resistiu por ser muito nova e já chegar
debilitada, porém a maioria se reabilitou e foi reintroduzida à natureza
em propriedades e reservas particulares cadastradas pelo órgão
ambiental competente.
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