Publicado em 22/12/2011
A vontade de ter animais de estimação não se fica pelos cães, gatos ou tartarugas e alguns portugueses optam por leões, tigres, ursos ou crocodilos, apesar de a posse ser proibida. Fiscalização visitou 576 lojas de animais entre os dias 12 e 16 de Dezembro.
Há um conjunto alargado de espécies, como os felinos ou primatas, cuja detenção é proibida desde 1992 pela sua perigosidade, "o que não implica que não se possa encontrar alguns em casa de particulares", ou em circos, disse à agência Lusa o chefe da unidade de Aplicação das Convenções Internacionais do Instituto de Conservação da Natureza e Biodiversidade (ICNB).
Apesar de nos últimos anos as situações terem diminuído, João Loureiro avança que, "em média, há no mínimo dois a quatro grandes felinos apreendidos por ano, entre leões e tigres".
Nos circos, em muitos casos, os animais não estão em situação ilegal, mas muitas organizações "deixam de ter hipótese de os alimentar" e acabam por entregá-los ao ICNB ou por ser apreendidos por falta de condições adequadas.
"De vez em quando aparecem ursos, embora não com tanta frequência (...), assim como crocodilos", referiu o responsável. Entre os primatas, são apreendidos "seis a 10, em média, por ano, entre macacos e chimpanzés", disse o responsável, lembrando que também estes números têm diminuído.
"Os últimos de grande porte já foram [apreendidos] há dois anos, foram chimpanzés", especificou João Loureiro. "Não haverá, esperamos, muito mais chimpanzés em casa das pessoas, mas temos informação de que poderá haver ainda um ou dois, [possibilidade] que estamos a averiguar ", acrescentou.
O "inesperado" crescimento das tartarugas, que podem passar de quatro para 25 centímetros, é a principal razão apresentada pelos donos que as abandonam, mas especialistas alertam que não devem ser deixadas na natureza pois ameaçam as autóctones.
Quando decidem comprar uma tartaruga ou um cágado, as pessoas trazem para casa um animal pequeno, de três ou quatro centímetros, frequentemente não se lembram que eles crescem e que deixa de ser possível mantê-los no aquário, tornando problemática a sua presença no apartamento.
Esta é a explicação que os técnicos do Instituto de Conservação da Natureza e Biodiversidade (ICNB) ouvem de quem vai deixar o seu animal de estimação para que seja procurada uma nova "casa".
"Compram espécies com três ou quatro centímetros de comprimento e esquecem-se que, se lhes derem condições adequadas, o que não é difícil, elas crescem e atingem 20 a 25 centímetros no estado adulto, um tamanho já grande para a maioria das pessoas que vive em apartamentos", relatou o chefe da Unidade de Aplicação das Convenções Internacionais do ICNB.
No entanto, João Loureiro, defendeu que, muitas vezes, o bem-estar das tartarugas "é a razão politicamente correta" para o abandono. Contudo, na verdade, o que "está por detrás" são os "problemas sanitários". "Devido aos seus hábitos anfíbios, parte em água e parte fora, quando é um espaço pequeno levanta problemas sanitários. É preciso lavar frequentemente o espaço onde estão as tartarugas" por causa do cheiro, explicou.
Uma acção de fiscalização dos serviços de ambiente da GNR visitou 576 lojas e apreendeu aves, tartarugas e répteis de venda condicionada por violarem as regras exigidas, revelou à Lusa fonte da GNR.
O chefe da Divisão Técnico-Ambiental do Serviço de Protecção da Natureza e do Ambiente (SEPNA) da GNR, Nuno Amaro, explicou que estiveram envolvidos nesta acção 751 militares em todo o país e que na operação foram levantados 95 autos de contra ordenação.
As apreensões visaram 329 espécies inseridas na Convenção CITES (sobre a comercialização de espécies ameaçadas) e na Convenção de Berna (sobre vida selvagem e habitats naturais), adiantou o responsável, acrescentando que foram igualmente apreendidas duas armas que estavam numa loja em situação ilegal.
Nuno Amaro referiu que a maior parte das espécies apreendidas são "aves, tartarugas e alguns répteis. Desta vez não houve apreensão de qualquer tipo de mamífero".
Nesta foram também apreendidas algumas plantas. A acção de fiscalização ocorreu entre 12 e 16 de Dezembro, em todo o país, no âmbito da Convenção CITES, que visa proteger as espécies da fauna e da flora em risco de extinção.
O responsável do ICBN fala sempre em números médios de apreensões nos últimos anos e esclarece: "Antigamente as pessoas não tinham a noção de que era proibido ter esses animais e por isso eram apreendidos mais".
Se podemos dizer que tendencialmente nos parece que está a diminuir esta situação, também é verdade que há dois anos apanhámos nove chimpanzés, que é um número muito grande", salientou. Quanto aos crocodilos, embora não seja permitido em Portugal, excepto em parques zoológicos e num ou noutro circo autorizado, "é muito fácil" comprá-los em Espanha.
"Mais grave que isso, e temos muita dificuldade em controlar, [é possível comprar crocodilos] pela internet e o animal vem via correio. Muitas vezes os próprios correios não sabem o que trazem", avançou João Loureiro. "Muitas vezes são jovens adolescentes que querem mostrar um animal exótico e acabam por comprar um crocodilo, que tem 20 centímetros, mas depois cresce", acrescentou.
E se com 20 centímetros a mordedela não é perigosa, com 40 ou 50 centímetros já causa danos e as pessoas, "infelizmente, em vez de entregar [os animais] às autoridades, libertam-nos na natureza, porque sabem que [a sua posse] é ilegal", explicou.
Os dados do ICNB disponíveis revelam que em 2006 o total de apreensões por comércio ilícito atingiu os 66 animais, número que subiu para 182 em 2009. Em relação ao ano passado os dados indicam apenas as apreensões de mamíferos, que foram 20.
Apesar de nos últimos anos as situações terem diminuído, João Loureiro avança que, "em média, há no mínimo dois a quatro grandes felinos apreendidos por ano, entre leões e tigres".
Nos circos, em muitos casos, os animais não estão em situação ilegal, mas muitas organizações "deixam de ter hipótese de os alimentar" e acabam por entregá-los ao ICNB ou por ser apreendidos por falta de condições adequadas.
"De vez em quando aparecem ursos, embora não com tanta frequência (...), assim como crocodilos", referiu o responsável. Entre os primatas, são apreendidos "seis a 10, em média, por ano, entre macacos e chimpanzés", disse o responsável, lembrando que também estes números têm diminuído.
"Os últimos de grande porte já foram [apreendidos] há dois anos, foram chimpanzés", especificou João Loureiro. "Não haverá, esperamos, muito mais chimpanzés em casa das pessoas, mas temos informação de que poderá haver ainda um ou dois, [possibilidade] que estamos a averiguar ", acrescentou.
Abandono de tartarugas cada vez maior
Quando decidem comprar uma tartaruga ou um cágado, as pessoas trazem para casa um animal pequeno, de três ou quatro centímetros, frequentemente não se lembram que eles crescem e que deixa de ser possível mantê-los no aquário, tornando problemática a sua presença no apartamento.
Esta é a explicação que os técnicos do Instituto de Conservação da Natureza e Biodiversidade (ICNB) ouvem de quem vai deixar o seu animal de estimação para que seja procurada uma nova "casa".
"Compram espécies com três ou quatro centímetros de comprimento e esquecem-se que, se lhes derem condições adequadas, o que não é difícil, elas crescem e atingem 20 a 25 centímetros no estado adulto, um tamanho já grande para a maioria das pessoas que vive em apartamentos", relatou o chefe da Unidade de Aplicação das Convenções Internacionais do ICNB.
No entanto, João Loureiro, defendeu que, muitas vezes, o bem-estar das tartarugas "é a razão politicamente correta" para o abandono. Contudo, na verdade, o que "está por detrás" são os "problemas sanitários". "Devido aos seus hábitos anfíbios, parte em água e parte fora, quando é um espaço pequeno levanta problemas sanitários. É preciso lavar frequentemente o espaço onde estão as tartarugas" por causa do cheiro, explicou.
Fiscalização visitou 576 lojas de animais
O chefe da Divisão Técnico-Ambiental do Serviço de Protecção da Natureza e do Ambiente (SEPNA) da GNR, Nuno Amaro, explicou que estiveram envolvidos nesta acção 751 militares em todo o país e que na operação foram levantados 95 autos de contra ordenação.
As apreensões visaram 329 espécies inseridas na Convenção CITES (sobre a comercialização de espécies ameaçadas) e na Convenção de Berna (sobre vida selvagem e habitats naturais), adiantou o responsável, acrescentando que foram igualmente apreendidas duas armas que estavam numa loja em situação ilegal.
Nuno Amaro referiu que a maior parte das espécies apreendidas são "aves, tartarugas e alguns répteis. Desta vez não houve apreensão de qualquer tipo de mamífero".
Nesta foram também apreendidas algumas plantas. A acção de fiscalização ocorreu entre 12 e 16 de Dezembro, em todo o país, no âmbito da Convenção CITES, que visa proteger as espécies da fauna e da flora em risco de extinção.
O responsável do ICBN fala sempre em números médios de apreensões nos últimos anos e esclarece: "Antigamente as pessoas não tinham a noção de que era proibido ter esses animais e por isso eram apreendidos mais".
Se podemos dizer que tendencialmente nos parece que está a diminuir esta situação, também é verdade que há dois anos apanhámos nove chimpanzés, que é um número muito grande", salientou. Quanto aos crocodilos, embora não seja permitido em Portugal, excepto em parques zoológicos e num ou noutro circo autorizado, "é muito fácil" comprá-los em Espanha.
"Mais grave que isso, e temos muita dificuldade em controlar, [é possível comprar crocodilos] pela internet e o animal vem via correio. Muitas vezes os próprios correios não sabem o que trazem", avançou João Loureiro. "Muitas vezes são jovens adolescentes que querem mostrar um animal exótico e acabam por comprar um crocodilo, que tem 20 centímetros, mas depois cresce", acrescentou.
E se com 20 centímetros a mordedela não é perigosa, com 40 ou 50 centímetros já causa danos e as pessoas, "infelizmente, em vez de entregar [os animais] às autoridades, libertam-nos na natureza, porque sabem que [a sua posse] é ilegal", explicou.
Os dados do ICNB disponíveis revelam que em 2006 o total de apreensões por comércio ilícito atingiu os 66 animais, número que subiu para 182 em 2009. Em relação ao ano passado os dados indicam apenas as apreensões de mamíferos, que foram 20.
Correio da Manhã, 2011.12.22
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